3 Maneiras de Tocar no Assunto estreia em São Paulo no Sesc Ipiranga
A partir de 29 de fevereiro, o Teatro Mínimo do Sesc Ipiranga recebe o espetáculo 3 Maneiras de Tocar no Assunto. Inédita em São Paulo a peça, que esteve em cartaz no teatro Poerinha (Rio de Janeiro) e foi vencedora em três categorias no último prêmio Cesgranrio de teatro – Melhor Ator e Melhor Texto Inédito Nacional pra Leonardo Netto e Categoria Especial pela direção de movimento para Marcia Rubin – fica em cartaz até 22 de março, com apresentações de quinta a domingo. Um tema, três solos curtos. O espetáculo 3 Maneiras de Tocar no Assunto é um manifesto artístico contra a intolerância e a homofobia na sociedade moderna. Interpretados por Leonardo Netto, os três solos independentes colocam em pauta questões relacionadas ao preconceito contra a pessoa homossexual e contra a comunidade LGBT em geral. “Homofobia mata todo mundo: o pai que teve a orelha arrancada por beijar o filho, os irmãos que foram linchados por andarem abraçados. Não adianta achar que você está livre porque você não é gay. Estamos vivendo um retrocesso de entendimento sobre isso, um conservadorismo estúpido. A população LGBT no Brasil está alijada de quase setenta direitos previstos na Constituição”, ressalta o autor, que abordou o tema por três instâncias distintas, uma para cada texto: Escola, Lei e Estado.
Três tempos
No primeiro solo, O Homem de Uniforme Escolar, o público assiste a uma aula de bullying homofóbico: o que é, como praticar e quais as suas consequências físicas e emocionais. São histórias reais de crianças e jovens que sofreram com o preconceito e a intolerância na escola.Na sequência, O Homem com a Pedra na Mão parte do depoimento ficcional de um dos participantes da Revolta de Stonewall, ocorrida em junho de 1969 em Nova York, um marco fundamental da luta pelos direitos da comunidade LGBT que completou 50 anos em 2019. Com uma descrição minuciosa da noite em que os frequentadores (gays, lésbicas, travestis, drag queens) do bar Stonewall Inn reagiram, pela primeira vez, a mais uma batida policial no local.O último solo, O Homem no Congresso Nacional, foi construído a partir de falas e pronunciamentos do ex-deputado federal Jean Wyllys, proferidos entre janeiro de 2011 e dezembro de 2018. Para criar o texto, Leonardo assistiu e transcreveu discursos, falas, entrevistas e declarações do ex-deputado e, cuidadosamente, criou o depoimento de um parlamentar gay e ativista na tribuna da Câmara. Os textos propõem uma interlocução direta com o público: o que há, afinal, de tão incômodo, maléfico e repugnante na homossexualidade? Por que, através dos tempos, ela teve sempre de ser punida? Por que a orientação sexual de uma pessoa a transforma num cidadão de segunda classe, com menos direitos que o resto da população?
Parceria
A temporada em São Paulo dá continuidade à uma parceria junto ao Sesc Ipiranga iniciada quando a peça, ainda em processo de criação, teve um dos quadros, O Homem de Uniforme Escolar, apresentado na programação do projeto Dramaturgias 2, em uma escola pública na comunidade de Heliópolis.Além das apresentações regulares previstas para essa temporada, estão programadas 4 sessões do ato O Homem de Uniforme Escolar seguidas de bate-papo no teatro do Sesc Ipiranga para grupos de alunos das escolas públicas dos arredores do bairro (incluindo novamente a comunidade de Heliópolis).
Ficha Técnica
Texto e Atuação: Leonardo Netto
Direção: Fabiano de Freitas
Iluminação: Renato Machado
Figurino: Luiza Fardin
Cenário: Elsa Romero
Visagismo: Marcio Mello
Direção de Movimento: Marcia Rubin
Trilha Sonora: Rodrigo Marçal e Leonardo Netto
Design Gráfico: Lê Mascarenhas
Fotos: Dalton Valerio
Direção de Produção: Luísa Barros e Rafael Faustini
Realização: Fulminante Produções Culturais
Leonardo Netto
É ator, diretor e dramaturgo. Formou-se pela Casa das Artes de Laranjeiras (CAL) e estudou Teoria do Teatro na UNIRIO. Estreou profissionalmente em 1989 na montagem de Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come, de Oduvaldo Vianna Filho, dirigida por Amir Haddad. Integrou por três anos o Centro de Demolição e Construção do Espetáculo, companhia dirigida por Aderbal Freire-Filho. Trabalhou com diretores atuantes do teatro carioca, como Gilberto Gawronski, Ana Kfouri, Jefferson Miranda, João Falcão, Luiz Arthur Nunes, Enrique Diaz, Celso Nunes e Christiane Jatahy. Seus últimos trabalhos foram Conselho de classe (direção de Bel Garcia e Susana Ribeiro), A Santa Joana dos Matadouros (direção de Marina Vianna e Diogo Liberano) e Entonces Bailemos (direção de Martín Flores Cárdenas). Na TV, atuou em novelas e seriados. Seu trabalho mais recente é a minissérie Assédio, da Rede Globo. No cinema, atuou no longa Em Nome da Lei, de Sérgio Rezende. No teatro dirigiu A Guerra Conjugal, de Dalton Trevisan; Cozinha e Dependências e Um Dia Como os Outros, ambos de Agnes Jaoui e Jean-Pierre Bacri; O Bom Canário, de Zacharias Helm; Para os Que Estão em Casa e A Ordem Natural das Coisas, sendo os dois últimos de sua autoria e indicados a vários prêmios de melhor texto. Em 2019, dirigiu Um Dia a Menos, com a atriz Ana Beatriz Nogueira e A Ordem Natural das Coisas recebeu o Prêmio Cesgranrio de melhor texto inédito.
Fabiano de Freitas
É diretor de teatro, ator e dramaturgo. Mestre em Artes pela UERJ, pesquisa performance, política e sexualidade a partir da obra de Copi. Diretor artístico de Teatro de Extremos, Cia que completou 13 anos de trabalho continuado em 2019. Em 2015, montou O Homossexual ou a Dificuldade de se Expressar, que recebeu 13 indicações aos Prêmios Shell, Cesgranrio, APTR e Questão de Crítica. Em 2017, a cia estreou Balé Ralé, que ganhou o prêmio Questão de Crítica. Também com Teatro de Extremos dirigiu os espetáculos Feriado de Mim Mesmo (2011), As Engrenagens (2010), Queda (2009 e 2014), Ataraxia (2006) e a performance O Destino da Humanidade. Dirigiu também o espetáculo-show Rival Rebolado (2016 a 2018) e Favela Rouge (2009). Realizou residências artísticas na África do Sul e na Holanda, e com este último país manteve intenso intercâmbio em vários projetos, dentre eles o BR_NL Drama que traduziu dramaturgos inéditos nos dois países (2012). Supervisionou a dramaturgia e a direção da peça Mercedes (2016).Foi roteirista e diretor do Núcleo de Radiodramaturgia EBC e colaborador do Núcleo de Dramaturgia do SESI no Rio e do projeto Sesc Dramaturgias, do Departamento Nacional do Sesc. Em 2018, dirigiu O Grelo Em Obras, do coletivo multimídia O Grelo Falante e Marilia Gabriela Não Vai Mais Morrer Sozinha, com o Coletivo UTC-4, em Manaus. Em 2019, realizou a residência artística Teatro de Locação – Pontes pela Ficção, no Festival de Inverno do SESC-RJ, em Petrópolis, ministrou a oficina Como Eliminar Monstros – Abordagens Contemporâneas Sobre O HIV, na mostra Todos os Gêneros do Itaú Cultural, em São Paulo e participou do projeto Dramaturgias 2, do Sesc Ipiranga, com direção de O Homem de Uniforme Escolar.
SINOPSE
3 Maneiras de Tocar no Assunto aborda a questão da homofobia na sociedade moderna através de três solos curtos. No primeiro, O Homem de Uniforme Escolar, o público assiste a uma aula de bullying homofóbico. O segundo, O Homem com a Pedra na Mão, é o depoimento de um dos participantes da Revolta de Stonewall, que aconteceu em junho de 1969, em Nova York. O terceiro, O Homem no Congresso Nacional, é o pronunciamento de um deputado gay e ativista na tribuna da Câmara.
SERVIÇO:
3 Maneiras de Tocar no Assunto
Estreia: 29 de fevereiro
Ingressos: R$ 30,00 (inteira); R$15,00 (meia-entrada); R$9,00 (credencial plena)
Temporada: até 22 de março | quintas e sextas às 21h30 | sábados às 19h30 | domingos às 18h30.
Duração: 80 min.
Classificação indicativa: 14 anosVendas pelo site sescsp.org.br/ipiranga e nas bilheterias da rede Sesc.
SESC IPIRANGA
R: Bom Pastor, 822 – Ipiranga | Telefone: (11) 3340-2000